Eles podem ter o nome e o CPF adulterados: conter dados verdadeiros em documentos falsos; ser uma cópia “quase perfeita” do original e enganar lojistas e comerciantes desatentos ou apressados.
Os registros de cheques clonados, na polícia do Distrito Federal, são em torno de 40 por mês. Parece pouco, ocorre que muitos não fazem a ocorrência e, assim, só aumentam os prejuízos com cheques que circulam diariamente no comércio sem valor.
Segundo a polícia, o número real de problemas e perdas ocasionadas a partir de cheques clonados é bem maior do que a média conhecida oficialmente, de acordo com o delegado Elton de Souza Zanatta, da Delegacia de Falsificações e Defraudações. ‘Muitas empresas não fazem a ocorrência e também se sabe que um único estelionatário aplica vários golpes, lesando muitas vítimas”, observa.
Algumas falsificações são muito bem feitas, alerta o delegado explicando o porquê de vários comerciantes aceitarem os documentos sem valor. No momento do pagamento, devido à pressa e ao grande movimento no caixa, muitas vezes, o comerciante não percebe que está sendo enganado, relata.
Há, no entanto, casos mais comuns de fraudes com cheques que podem servir de defesa. De acordo com Zanatta, em algumas situações as informações constantes no cheque podem ser utilizadas de forma indevida. Acontece quando uma pessoa tem o cheque roubado e o talão ou folhas avulsas são repassados a um estelionatário. Os dados podem ser utilizados para falsificar uma carteira de identidade e um CPF com o nome do dono do cheque, para ser repassado no comércio. O cheque é verdadeiro, mas os documentos são falsos, adverte.
CPF mantido – No caso de cheques fraudados ou clonados, informa o delegado, os documentos chegam ao comércio utilizando-se de outras táticas. Quando se trata de fraude, os dados, que podem ser falsos ou verdadeiros, são inseridos no cheque para adulteração. Para fraudar o cheque, o estilionatário, de posse do talão da vítima, apaga o número da identidade e acrescenta outro número, de uma identidade falsa, mas mantém o CPF. “Ao fazer a consulta do CPF, o lojista constata que o comprador é idôneo e libera o crédito, sem perceber a fraude”, conta o delegado.
Na clonagem, é feita uma cópia quase perfeita do documento verdadeiro, destaca Zanatta.
O estelionatário, então, pega uma folha do cheque da vítima, com os dados dela e faz outro documento conseguindo repassa-lo para várias pessoas ou empresas. Nesse caso, ressalta, normalmente o “clonador” produz uma cópia colorida do cheque ou utiliza um programa de computador que permite melhor qualidade de impressão. “Se ao receber o cheque, o lojista examinar com cuidado, pode perceber que foi utilizado papel mais fino ou mais grosso do que de cheques verdadeiros e a impressão do nome e dos números pode estar levemente borrada”, ensina.
O perfil mais comum do estelionatário, informa o delegado Zanatta, é de uma pessoa bem vestida, emocionalmente tranqüila, nunca pechincha o preço, sempre bem falante, cativa as pessoas e, na maioria das vezes, está acompanhado. “É preciso ficar atento”, alerta.
Caso o lojista constate qualquer fraude, deve avisar a polícia imediatamente pelo telefone 190.
O lojista pode ainda, tomar algumas medidas de segurança, como instalar câmeras de circuito interno de TV, mas nesse caso, observa o delegado, o ideal é que sejam colocadas na altura de 1,70 a 1,80 metro, para que seja possível uma visão melhor do rosto das pessoas e, caso haja algum problema, fica mais fácil identifica-las. As câmeras devem ser fixadas, por exemplo, no caixa, onde é preenchido o cheque e efetuado o pagamento.
O delegado Zanatta conta que os registros conjuntos de cheques fraudados e clonados corresponde a 13% das ocorrências de estelionato, com uma média de 380 registros por mês computando todas as modalidades de crime com cheques. Contudo, a polícia acredita que grande número de situações não são registradas. É o caso dos postos de gasolina, “já que o frentista é quem paga pelos prejuízos dessa natureza”, situa. Muitas outras empresas preferem arcar com o prejuízo, sem comunicar a polícia, acrescenta ao constatar que com um documento falso, o bandido compra em diversas lojas, lesando muitas pessoas e organizações.
Seria preciso um controle maior dos lojista ao receberem os pagamentos em cheques, assinala o delegado relacionado algumas dicas importantes para evitar problemas.
Ao receber um cheque o comerciante deve conferir a carteira de identidade do comprador, pode ser falsificada. Se a plastificação da carteira de identidade for muito grossa, indica que foi adulterada. Observar ainda, os furinhos da foto e a cor do papel.
Nos cheques, conferir os dados, verificar se não estão borrados.
Não aceitar cheques já preenchidos e assinados. Se houver dúvida quanto à assinatura, solicitar nova assinatura do cheque.
Observar a data de nascimento da pessoa e verificar se confere visualmente com a aparência da pessoa que está repassando o cheque.
Tendo em vista que a venda com cheques pré-datados se tornou prática, no comércio, Zanatta aconselha mais cuidado, mesmo fazendo a consulta, problemas podem surgir 30 ou 60 dias depois da venda, quando o prazo do documento vencer. É preciso uma checagem rigorosa das informações prestadas pela pessoa que está repassando o cheque. Como por exemplo, através do SPC, saber se a pessoa tem muitas “passagens”, ou seja, onde comprou e se fez cadastros em várias lojas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário