DUOPÓLIO
– Quem controla a indústria de cartões de crédito são os bancos. Eles são os donos das duas maiores redes de credenciamento de lojas, que detêm quase 100% do mercado. A Visanet (cujos donos são o Bradesco, Banco do Brasil e Santander) controla a bandeira Visa; e a Redecard, do Itaú, controla a bandeira Mastercard. Elas fazem o credenciamento dos lojistas e fornecem a maquininha para o uso dos cartões. O Itaú, por exemplo, que tem 51% do mercado, eleva os custos e faz até os outros emissores pagarem a ele, porque tem contrato de exclusividade.
MODELO AO BRASIL
– Com base no estudo editado pelo Banco Central, há uma intenção de trazer o Brasil ao modelo mundial, bem mais acessível. Hoje, no país, o lojista recebe o valor da venda do cartão após 31 dias, e a intenção é fazer com que receba em dois dias, a exemplo do que ocorre nos países desenvolvidos.
TARIFA E ALUGUEL
– Hoje, o lojista brasileiro paga cerca de 5% de taxa, mais 5% para antecipar o dinheiro das vendas e mais o aluguel de cada uma das máquinas. O Brasil tem cerca de 2 milhões de maquininhas em operação, e como o aluguel mensal custa, em média, R$ 120, são R$ 200 milhões por mês apenas nesse aluguel. Nos EUA, não há pagamento de aluguel e as empresas operam somente com uma máquina.
ALTOS CUSTOS
– Uma mercearia familiar que fatura R$ 4 mil por mês gasta R$ 400 com aluguel, R$ 170 com Supersimples e R$ 720 com custos de cartões de crédito, incluindo tarifas e aluguel das maquininhas. Uma pequena empresa que fatura R$ 50 mil e tem quatro empregados, gasta R$ 5,3 mil com custos de cartões por mês, isto é mais do que paga de salários, sem encargos, aos seus funcionários.
OBAMA COBRA
– Estes custos elevados precisam ser reduzidos, há necessidade de uma regulamentação, e quem deve fazer isso é o Banco Central. Hoje, o BC não tem controle nenhum sobre a indústria dos cartões. Nos Estados Unidos, onde os custos são menos de um quinto dos daqui, o presidente Barack Obama chamou as empresas de cartões e disse que os custos que elas estavam praticando eram muito elevados e precisavam ser reduzidos.
R$ 34 BILHÕES
– No ano passado, o PIB do Brasil atingiu R$ 2,9 trilhões. O consumo das famílias ficou em R$ 1,75 trilhão, e 20% disso foi vendido via cartões, o que dá R$ 340 bilhões. Como 10% disso é faturamento das indústrias de cartões, foi retirado do consumidor para duas ou mais empresas, sem nenhum critério, R$ 34 bilhões.
PROJETOS DE LEI
– O Congresso brasileiro conta com sete ou oito projetos para regulamentar os cartões no país. Um deles prevê diferenciar a venda à vista, com dinheiro, com a paga com cartão. Se isso for aprovado, a loja poderá dar desconto de 10% para quem pagar em dinheiro. Isso vai aumentar a concorrência, porque o consumidor passará a evitar o cartão e estes vão querer disputar essas compras. Um outro projeto, do deputado Edinho Bez, de Santa Catarina, já antigo, classifica a indústria de cartões como instituições financeiras.
12% AO MÊS
– Hoje, os cartões avançaram e 69,3% estão nas mãos de pessoas de baixa renda, suscetíveis a entrar na areia movediça do crédito rotativo. Os bancos de dados de inadimplência apontam que 40% dos registros são por causa de cartões no crédito rotativo. Isto ocorre não porque a pessoa não conseguiu pagar o produto que comprou, mas não pode pagar o juro extorsivo cobrado, que chega a 12% ao mês ou muito próximo disso. Isto é uma agiotagem.
PARCELAMENTO
– Outra coisa que queremos acabar é com o parcelamento no cartão sem juro. Na verdade, há cobrança de juros, e isso aumenta o risco de inadimplência. Isso só favorece as grandes empresas, que buscam dinheiro lá fora. Queremos o parcelamento, mas com juros de mercado, de 4% a 5% no crédito rotativo.
Matéria Publicada no Jornal Diário Catarinense deste Domingo 14.06.2009
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