Preencher uma folha de cheque é uma ação cada vez mais rara em Bauru. De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), o consumidor adotou de vez o pagamento com cartão. Com facilidade de parcelamento, benefícios na hora da compra e possibilidade de renegociação de dívida, o cartão de crédito ou de débito automático substituiu as folhas de cheque no comércio de Bauru.
Para Sérgio Evandro Amaral Motta, presidente da CDL, os lojistas continuam aceitando normalmente o pagamento em cheques. O que mudou foi o consumidor. Os lojistas costumam fazer cadastro de seus clientes, consultar o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e alguns preferem que os clientes já tenham um tempo de conta corrente, avalia.
Mas o próprio consumidor tem preferido pagar com cartão. As lojas oferecem opção de parcelamento sem acréscimo no cartão. E como não é necessário pesquisar o SPC para compras com cartão, nem fazer cadastro, os clientes preferem dessa maneira, observa.
A vantagem também é do comerciante já que o pagamento com cartão é garantia de recebimento. Nos pagamentos feitos com carnê ou com cheque, o lojista sempre corre o risco de não receber. Já nos pagamentos com cartão, o risco é da operadora, avalia.
Motta pondera que o consumidor também tem uma liberdade maior de negociação com as empresas de cartão de crédito. Se ele não tem dinheiro, na própria fatura já vem o parcelamento. Não é uma boa opção por conta das taxas de juros, mas se comparar com o cheque, se a pessoa não tiver dinheiro, ele vai cair e voltar, avalia.
Ricardo Fernandes, gerente de uma loja de cosméticos do Centro, conta que a empresa não faz nenhuma restrição ao pagamento com cheques. Fazemos uma consulta. Em caso de necessidade, pedimos um comprovante de residência, explica. Ele também observa que a queda nos pagamentos com talonário é motivada pelo interesse do próprio cliente. Os consumidores preferem o cartão, afirma.
Ele também avalia que o risco de inadimplência é maior com o cheque, mas pondera que muitas vezes o cliente já não consegue nem honrar suas dívidas com a operadora. O que acontece é que o cartão já está estourado e não há outra alternativa, a não ser comprar com cheque, observa.
Cheques devolvidos
O Banco Central divulgou ontem que o número de inadimplentes no País aumentou no segundo bimestre deste ano em relação ao primeiro. Tanto nos números nacionais do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) quanto na porcentagem de cheques devolvidos no País.
De acordo com os dados, no Brasil, dos cheques depositados em abril, 7,02% voltaram. Na região Sudeste, essa porcentagem foi de 6,24%. Já na nordeste, o índice foi de 10,5% dos cheques depositados.
Sérgio Evandro Motta acredita que não houve aumento da inadimplência por cheques sem fundos. Acredito que em Bauru esse índice não acompanha o nacional. Mesmo porque o uso do cheque não é mais tão freqüente, pondera.
Lígia Ligabue
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