quarta-feira, 16 de junho de 2010

Cobrança de serviços de cartões varia até 600% num mesmo banco

Pesquisa do Idec com 6 maiores instituições do país revela taxas obscuras

Além de aplicar tarifas com nomenclaturas pouco claras e até inusitadas, as operadoras de cartão de crédito cobram do usuário preços considerados exorbitantes pelos órgãos de defesa do consumidor. A diferença em um mesmo banco emissor chega a 600%, dependendo do tipo de cartão. Levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com as seis maiores instituições financeiras do país mostra que, em alguns casos, as taxas dos cartões são maiores do que as tarifas bancárias.
- Cada banco tem modalidades muito diferentes de cartões e tarifas - criticou a economista do Idec Ione Amorim.
Ela destaca, entre outras, a cobrança da taxa de inatividade, quando o consumidor não usa o seu cartão, considerada inadequada pelo Idec. Segundo a entidade, no Banco do Brasil (BB) os preços dessa taxa variam de R$ 10 a R$ 70 por trimestre, dependendo do tipo de cartão de crédito. A diferença de preços, neste caso, é de 600%. No Bradesco, são cobrados R$ 75 nos cartões American Express.
Procurado, o BB não comentou o assunto. Já o Bradesco informou que a cobrança é informada de forma transparente em todos os canais de comunicação com o cliente, mesmo antes de se tornar associado. Os bancos também ressaltaram que estão trabalhando, com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), na regulação do setor.
As regras para a atividade de cartões de crédito e débito estão sendo preparadas pelo Banco Central (BC) com os ministérios da Fazenda e da Justiça. A meta é padronizar e reduzir o número de tarifas de cartões de crédito e débito. O GLOBO revelou no último domingo que, hoje, há mais de 50 taxas, bem acima das 31 usadas no setor bancário. A Abecs disse que as negociações podem levar o total das cobranças a algo entre 20 e 30.
Nos EUA, o governo também vai limitar a maior parte das multas de cartão de crédito a US$ 25, e as tarifas para consumidores que não usam seus cartões vão acabar, segundo as novas regras divulgadas ontem. Aprovadas pelo Congresso em maio, elas entram em vigor em 22 de agosto. A expectativa é que, com isso, haja uma redução nos juros cobrados dos consumidores.
A pesquisa do Idec mostra ainda a existência de tarifas no mínimo pouco usuais. Entre elas, a de segunda via para senha.
Bradesco e Itaú Unibanco pedem R$ 3. Para Ione, do Idec, a taxa é abusiva, pois caracteriza dupla cobrança, já que o cliente paga a taxa anual de manutenção.
O Itaú Unibanco não comentou o assunto. A Caixa Econômica respondeu que tem as melhores tarifas e juros para cartões, segundo pesquisa da Cardmonitor, mas não apresentou os números.
Outras tarifas cobradas pelos cartões são a de saque nacional e internacional. Segundo o Idec, os bancos chegam a cobrar R$ 8 pelo serviço em território nacional, que é o caso do HSBC.
Pelo saque internacional, os preços mais salgados ficaram com o Santander (3% do valor da transação, sendo no mínimo R$ 15) e Unibanco, com US$ 20.
Ione compara essas taxas com os saques em conta corrente no país, cujas taxas são de até R$ 2,40. O HSBC disse que suas tarifas estão em linha com as praticadas pelo mercado. O Santander não quis comentar.
Outra taxa polêmica é a de excesso de limite, acionada quando o cliente ultrapassa o seu limite de crédito no cartão. Os bancos cobram até R$ 15, apesar dos juros elevados.


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