NÚMERO DE CONSULTAS REALIZADAS JUNTO AO SPC BRASIL
REGISTROS JUNTO AO SPC BRASIL
PERFIL DA INADIMPLÊNCIA
CANCELAMENTO DE REGISTROS NO SPC BRASIL
Jun.10/Jun.09....................+4,04
Jan – Jun.10/Jan – Jun.09....................+5,81
A Secretaria de Direito Econômico (SDE), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, prometeu acompanhar de perto os primeiros capítulos do episódio do fim da exclusividade entre bandeira (Visa e Mastercard) e credenciadoras (Cielo e Redecard), a partir de 1° de julho.
O coordenador-geral de Análise Econômica, Paulo Britto, disse ao iG que, embora seja consenso que essa nova realidade trará benefícios aos consumidores, existe uma possibilidade de o duopólio formado por Cielo e Redecard combine preços para locar suas maquininhas.
A estratégia das empresas de combinar preços visaria evitar perdas de receita e de clientes, já que agora os lojistas poderão escolher apenas uma marca de maquininha, uma vez que não existirá mais contratos de exclusividade entre Visa e Cielo, por exemplo.
“Sabemos que quando há fim de monopólios, a probabilidade de combinação de preços tende a aumentar, o que não significa que as empresas irão adotar essa manobra. Porém, vamos ficar muito atentos a elas”, explica Britto.
“Hoje, 12% das reclamações fundamentadas de consumidores, ou seja, que viram processos administrativos, referem-se a denúncias contra cartões de crédito. Esperamos que, agora, esse patamar diminua, mas também sabemos que as credenciadoras vão querer garantir mercado”.
As tecnologias de meios de pagamento eletrônico pelo celular começam a se popularizar entre profissionais autônomos que precisam de uma solução com mobilididade e de baixo custo.
A solução Foneshop Captura, da Redecard, tem hoje 11 mil profissionais cadastrados. Mas o potencial desse mercado é muito grande.
"No Brasil existem 2,4 milhões de vendedores diretos, que em 2009 registraram R$ 5,7 bilhões em vendas", afirma Emerson Duran, diretor de produtos de captura da Redecard, citando dados da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD).
E eles têm percebido um benefício importante: o aumento das vendas. "Com o recurso, o revendedor tem a possibilidade de parcelar o pagamento de seu cliente, o que pode ajudar a alavancar as suas vendas", comenta Lírio Cipriani, presidente da ABEVD.
Segundo estudo encomendado pela Redecard ao Ibope, 39% dos clientes perceberam aumento nas vendas após adotarem o Foneshop Captura.
De acordo com Cipriani, embora predomine no setor os produtos com pagamento à vista no portfólio dos cosméticos e perfumaria, algumas empresas de vendas diretas oferecem produtos mais caros, como eletrodomésticos de linha branca e até mesmo pacotes de viagens.
"Para estes, cujos preços são mais elevados, a adesão à compra parcelada representa uma grande oportunidade", completa Cipriani, que é diretor executivo do Instituto Avon.
Custos
Um dos fatores que explicam a pouca presença dos meios eletrônicos de pagamentos em segmentos de venda porta-a-porta e táxis é valor do aluguel do terminal de captura (POS), que também não é nada prático para ser carregado pelos revendedores.
"O aluguel do POS é de cerca de R$ 140 por mês, o que para um delivery, táxi ou venda porta-a-porta pode inviabilizar a aceitação do cartão", comenta Duran.
Ele explica que a taxa do serviço de Foneshop seria de R$ 9,90 por mês, para cobrir os custos de conectividade e atualização de software. Ela, contudo, não está sendo cobrada para que o uso da tecnologia seja incentivado e ganhe escala.
"Precisamos mostrar que essa solução é útil e que pode ser utilizada pelo mercado", diz Duran.
O custo que o vendedor tem é a taxa de desconto que existe em qualquer transação com cartões de crédito, além da conectividade com a internet necessária durante a transação, cobrada pela operadora do celular.
O Foneshop foi criado em 2007, mas começou efetivamente a ser usado no ano passado. Sua versão inicial já foi melhorada 16 vezes para ficar mais leve e diminuir a incompatibilidade.
Segundo Duran, no início o índice de incompatibilidade do aplicativo com os celulares chegava a bater 50%, pois os aparelhos não tinham acesso a internet ou os requisitos de segurança necessários para o sistema.
Mas com as melhorias do sistema e o alto índice de substituição dos celulares hoje a incompatibilidade é de menos de 5%.
A solução está disponível apenas para as transações de crédito por questões de segurança, pois se uma transação estiver com o valor errado ou for feita de forma indevida é possível cancelá-la.
Como a transação de débito o dinheiro é transferido na hora há mais chances de fraudes. "Mas isso não exclui que no futuro desenvolver um sistema que exija uma senha, por exemplo", diz Duran.
A expectativa é que em quatro anos as transações pelo celular representem 10% do volume de transações da empresa, volume do comércio eletrônico.
O vice-presidente da República, José Alencar, apoia a criação de uma agência reguladora para o mercado de cartões de crédito, o que atende reivindicação dos lojistas. “Ele se mostrou simpático à ideia, o que esperávamos, pois como vice-presidente sempre se posicionou contra os altos juros”, disse, nesta quinta-feira (1º/7), o presidente da FCDL-RS, Vítor Augusto Koch, que participou de audiência do movimento lojista nacional com Alencar, em Brasília.
Ex-diretor da CDL de Belo Horizonte – antes de se tornar industrial, teve loja de tecidos por 17 anos -, Alencar, conforme Koch, prometeu empenhar-se para colocar a CNDL como integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo, federal, o chamado Conselhão. Os comerciantes buscaram o apoio do vice-presidente para que a confederação faça parte do Conselho do Sebrae. “Ele ficou de defender uma cadeira para nós”, revelou Koch.
O presidente da FCDL-RS, que é primeiro vice-presidente da CNDL, informou que Alencar foi convidado para a 51ª Convenção Nacional Lojista, que se realizará em setembro, em Florianópolis. “A audiência durou uma hora e meia, mais do que prevíamos, porque ele mostrou um grande entusiasmo e identificação com o nosso movimento. Viu a nossa união e capilaridade”, declarou Koch.
Fonte: Assessoria de Imprensa FCDL-RS
O fim da exclusividade do compartilhamento de terminais de cartão de crédito, a partir de julho, tornará esse mercado mais competitivo, com redução nas taxas cobradas dos estabelecimentos. A entrada de novos players provocará o aumento da concorrência entre as credenciadas, também chamadas de adquirentes ou processadoras, que desafiará o domínio da Cielo e da Redecard.
Reinaldo Gregori, diretor da Cognatis Geomarketing, empresa especializada em inteligência geomercadológica, lembra que, até então, as bandeiras podiam atuar como uma empresa monopolista: a máquina da Cielo só 558 aceitava cartões Visa, e da Redecard, o Mastercad. Além de acabar com a exclusividade e abrir espaço para a entrada de novos players, o que veremos é uma competição de fato entre as duas grandes adquirentes, avalia.
Décio Burd, diretor de relações com investidores da CSU Cardsystem, empresa que administra cartões de crédito para terceiros, com mais de 23 milhões de unidades em sua base, afirma que o fim das exclusividades irá trazer impacto para todos. Os custos vão cair e permitirão a entrada de novos players nesse mercado.
A chegada da GetNet, do Santander, que vai credenciar, capturar e processar as transações via cartão, e da First Data, que atua no Brasil desde 2002, é líder mundial em comércio eletrônico e serviços de processamento de pagamentos, trará mais competitividade ao mercado de processadoras. Na opinião de Gregori, haverá também players menores, com atendimento regional. A maior concorrência trará benefícios, como taxas mais competitivas, novos modelos comerciais, custos menores e mais flexíveis e o ingresso de novas tecnologias de processamento, prevê. Uma delas, apontada por Gregori, é o pagamento por celular, ainda incipiente no Brasil.
Burt lembra que apenas duas adquirentes brasileiras - Cielo e Redecard - realizam 5,3 bilhões de transações. Os Estados Unidos, por exemplo, processa 58,1 bilhões, feita por 103 adquirentes. No México, são 800 milhões de transações, divididas entre 12 adquirentes e, no Reino Unido dez empresas processam 7,7 bilhões. Isso mostra como esse mercado estava reservado. Um país de dimensões continentais como o Brasil, ter apenas dois adquirentes era muito pouco, pondera.
Para enfrentar a maior concorrência, as empresas precisarão investir mais no relacionamento com os lojistas e na fidelização. É um negócio como qualquer outro, no qual a fidelidade do cliente é o seu maior ativo, pondera Gregori. Ele prevê ainda uma segmentação do mercado de adquirente e uma oportunidade para as grandes processadoras procurarem novas alternativas, agregando serviços e melhorando o atendimento ao lojista.
Burt afirma que o fim da exclusividade também trará acessibilidade para as redes que não aceitavam cartões de atacadista. Para ele, as mudanças irão acontecer ao longo do tempo. Afinal, a estrutura atual foi monta há 25 anos, pondera.
A Bradesco Cartões e o Banco do Brasil, além de serem donas da Cielo, também criaram uma nova bandeira, a Elo. Segundo Cesário Nakamura, diretor da Bradesco Cartões, a iniciativa vai ao encontro da demanda dos reguladores (Banco Central, Ministério da Fazenda e Ministério da Justiça) e clientes, principalmente, no que 558 tange a oferta ao mercado de produtos e serviços mais flexíveis, inovadores e com foco numa ampla aceitação nacional. Com o fim da exclusividade nos adquirentes, a nova bandeira poderá rapidamente alcançar aceitação ampla, sem a necessidade de investimentos pesados.
Adriana Braz
Até o momento, contudo, não há acordo entre as empresas varejistas
Uma nova fusão pode acontecer no varejo brasileiro em breve. As Lojas Americanas - com 479 lojas - e a Casa&Video (mais de 70) confirmaram ontem rumores de mercado e anunciaram que estão em negociações.
Segundo fato relevante das Lojas Americanas divulgado ontem à noite, após fechamento do mercado, a empresas estão em "caráter preliminar das discussões", mas "não há garantias de que qualquer acordo poderá ser consumado a partir dessas conversações".
A Casa&Video, também em nota, admitiu que tem despertado interesse de diversos grupos varejistas. Contudo, "não há, até o momento, nenhum compromisso firmado com qualquer dos interessados". Segundo analistas, a fusão entre as varejistas só seria positiva para as Lojas Americanas, caso os passivos - como os trabalhistas - ficassem de fora das negociações.
- A Lojas Americanas já têm alguma dívida. Portanto, mais dívida não seria bom neste momento.
De qualquer maneira, é difícil acreditar em ativos da Casa&Video caríssimos - comentou um analista.
Fusão não afetaria concentração no setor Na opinião de Nelson Barrizelli, professor da FEA-USP, a união entre Lojas Americanas e Casa&Video não seria como as fusões ocorridas recentemente.
Para ele, seria um "prolongamento da Lojas Americanas".
- Seria uma extensão do negócio das Lojas Americanas.
E não afetaria o processo de concentração do setor de varejo brasileiro - disse ele.
Se sair do papel, essa parceria seria mais uma do setor.
Anunciada em dezembro passado, a compra das Casas Bahia deu ao Pão de Açúcar - que está sendo reavaliada - a liderança isolada do setor de varejo de eletrodomésticos no país, com faturamento anual em torno de R$ 18 bilhões. Em março deste ano, a fusão de Insinuante e Ricardo Eletro criou a segunda maior rede de varejo de eletrodomésticos do país, a Máquina de Vendas.
Comerciantes e entidades reclamam, mas Fazenda estadual está aplicando multas de até R$ 3 mil
Uma ferramenta, que um dia foi imprescindível na mão dos comerciantes, agora é proibida. O uso de calculadora nos caixas do varejo é considerado ilegal, segundo lei federal que está sendo aplicada pela Fazenda estadual, com multas de R$ 3 mil.
Alguns estabelecimentos de Itajaí e Joinville já foram autuados. A Secretaria da Fazenda diz que a proibição tem como objetivo coibir a sonegação fiscal. Segundo o diretor de Administração Tributária, Edson Fernandes Santos, a lei federal d16 veda o uso de equipamento não fiscal . E o Emissor de Cupom Fiscal (ECF), agora atualizado para o Programa de Aplicativo Fiscal (APF-ECF), torna desnecessário qualquer outro tipo de equipamento. Esses equipamentos são obrigatórios em estabelecimentos com receita anual acima de R$ 120 mil.
O que os fiscais notificam são aqueles estabelecimentos em que a calculadora com fita é usada como se fosse um cupom fiscal, na apresentação da nota final. Porque pretende passar para o consumidor que é um documento fiscal, quando não é.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL/SC), Sergio Medeiros, alega que o comércio foi surpreendido pelas reclamações de lojistas multados.
Fomos verificar a legislação. Ela é federal e não é nova. Mas o Estado resolveu colocar em prática agora.
Segundo Medeiros, a Fazenda está se baseando no fato de que quem faz contas por fora, com uso da calculadora, está sonegando impostos porque não utiliza o programa do Emissor de Cupom Fiscal (ECF), que faz a cobrança automática de tributos.
Mas hoje até os computadores do sistema têm calculadoras. Qualquer celular também tem o aplicativo. E existem outros casos, como lojas de tecidos ou de material de construção, em que é preciso calcular o metro quadrado, por exemplo. É um instrumento de trabalho. Na minha opinião, essa lei é ridícula diz Medeiros.
A FCDL vai pedir aos deputados para que mudem a legislação. Os autuados devem recorrer. Além disso, Medeiros marcou uma reunião com o Secretário da Fazenda, Cleverson Siewert, que vai incluir o assunto.
Maioria dos lojistas desconhece a lei
A maioria dos lojistas catarinenses desconhece completamente a lei. Muitos são pequenos mercados, padarias e farmácias que utilizam a calculadora. O farmacêutico Clovis Santos, que não sabia da proibição, questiona a sua legitimidade.
Qual a diferença entre usar a calculadora no balcão e usar a que existe dentro do próprio computador ou em qualquer aparelho celular? indaga, mostrando que, na sua máquina, interligada ao sistema de emissão automática de cupom fiscal, existe um aplicativo de calculadora.
As entidades que representam os comerciantes alegam que muitas lojas têm apenas um computador e vários vendedores. Ter que calcular cada orçamento no sistema, como quer a Secretaria da Fazenda, vai inviabilizar o trabalho, demandar mais tempo e muita paciência por parte dos clientes.
SIMONE KAFRUNI
Para tornar clientes fiéis, empresas apostam em vender o produto mais adequado a ele em vez do mais caro
A concorrência está fazendo com que as empresas percebam que a velha tática de sempre "empurrar" o produto mais caro para o cliente pode não ser o melhor negócio. Na briga para fidelizar um consumidor que exige cada vez mais qualidade e transparência, marcas de varejo, serviços e até bancos estão investindo no conceito de consultoria de vendas. Em vez da "empurroterapia" tradicional, a ideia é ajudar o comprador a levar o que é mais adequado às suas necessidades - assim, ele fica mais satisfeito, reclama menos e ganha confiança para uma próxima compra.
A Whirlpool Latin America, das marcas Brastemp e Consul, já adota a estratégia. A empresa não revela quantos consultores mantém nas lojas revendedoras, mas afirma que aumentou em dez vezes o tempo de treinamento desses agentes. Segundo o diretor de serviços da Whirlpool, Fábio Armaganijan, o número de consultores também vai crescer: - Uma reclamação comum no verão é de que o ar-condicionado não gela, por exemplo. Quando o técnico chega à casa do cliente, percebe que o aparelho funciona perfeitamente bem, mas o modelo é inadequado ao tamanho do ambiente.
Com os promotores, a meta é vender, mas vender o produto que o consumidor realmente precisa.
Acesso à internet obriga empresas a lutarem mais pelo cliente Para a professora da ESPM Lívia Barbosa, estudiosa da Antropologia do Consumo, o crescente acesso à informação torna a tendência inevitável: - As lojas que não perceberem essa mudança no comportamento do consumidor dificilmente sobreviverão.
O cliente está mais consciente do que compra e sempre busca referências com amigos e na internet.
A operadora de celular Claro lançou em maio um plano pós-pago em que o cliente monta seu próprio pacote. Para auxiliar os usuários na hora da contratação, a operadora treinou por cerca de seis meses todos os vendedores de seus mais de três mil pontos de venda. Segundo a diretora regional para Rio e Espírito Santo da Claro, Gabriela Derenne, o objetivo é ajudar o cliente a identificar seu próprio perfil: - No ramo de serviços, não adianta "empurrar" o que é mais caro.
Quando isso é feito, o cliente ou fica insatisfeito e desiste do negócio ou não consegue pagar a conta e causa prejuízo à empresa.
No setor bancário, o Itaú Unibanco e o Santander também já aderiram à tendência. O superintendente de empréstimo para pessoa física do grupo espanhol, Rogério Estevão, acredita que o banco deve ser visto como parceiro. Ele ressalta que, em pleno movimento de bancarização no Brasil, é importante "acabar com a barreira cultural e psicológica que faz com que as pessoas se envergonhem de ir ao banco pedir ajuda": - O banco não deve ter medo de dizer que um produto é mais barato do que outro. E, como a maior parte das transações bancárias hoje estão fora das agências, é preciso que as informações sobre os produtos estejam disponíveis em todos os meios, para que o consumidor possa optar por um crédito que seja mais adequado as suas necessidades. Hoje, parte da remuneração dos nossos funcionários está vinculado à satisfação do cliente.
Já o Itaú Unibanco, quando houve a fusão, unificou sua equipe de 550 consultores de investimento, que antes eram setorizados. Segundo o diretorexecutivo de operações de investimento, Osvaldo do Nascimento, isso acabou com o possível enviesamento dos conselhos - o consultor da área de previdência tendia a favorecer seu próprio setor, por exemplo. Hoje, a equipe avalia inclusive investimentos que o cliente tenha fora do banco.
- Isso cresceu com a estratégia de ajustar o foco do banco do produto para o cliente. Dar a melhor opção para ele, mesmo que o produto não seja nosso, favorece o bom relacionamento - afirma Nascimento.
Para o consultor de varejo Marco Quintarelli, a prática de ajudar o cliente tem dado certo no mercado.
Ele lembra que a tendência teve origem nas lojas de produtos femininos, cujo público é o mais exigente e mais bem informado sobre o que compra. É o caso da loja de perucas e apliques de cabelo Fiszpan, que mantém equipe de consultores em toda a sua rede.
- Hoje em dia, o consumidor não compra mais produto. Ele compra uma solução - afirma Quintarelli.
Mas Polyanna Silva, advogada da Pro Teste, teme que essa nova filosofia de venda esconda mais uma tática de "empurrar" produtos: - Se ajudar o cliente a obter mais informação, isso é ótimo e favorece a transparência. Mas é preciso cuidado quando uma marca resolve "ajudar" na compra dos seus próprios produtos. Mas, não importa quais sejam as informações dadas pelos consultores das marcas, a loja é sempre responsável por elas.
O frio do recém-chegado inverno levou a auxiliar jurídica Ivete Garbin, 45 anos, ao comércio de rua, ontem. Entrou numa loja de apelo popular da Rua XV de Novembro, mas nem por isso deixou-se levar pelo preço tentador sobre a arara de peças que se repetem. Optou pelo setor de casacos de modelos quase que exclusivos, com corte estruturado e tecido encorpado, pelos quais se paga entre R$ 250 e R$ 350.
Mais do que preço, Ivete está à procura de roupas com bom caimento e qualidade. Cada vez mais comum, a relação entre esta loja e a consumidora é reflexo do aumento do poder aquisitivo do blumenauense, cuja renda per capita aumentou 97,5% em nove anos.
- Para os lojistas, ter várias peças repetidas não é mais tão interessante. As pessoas querem exclusividade no que vestem - explica o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, Paulo Cesar Lopes.
Com o consumidor mais exigente, as indústrias e confecções locais tiveram de aprimorar os produtos, observa a vice-presidente para Assuntos da Indústria da Associação de Micro e Pequenas Empresas (Ampe) de Gaspar, Maria Bernardete de Souza. Para isso, investem em equipamentos, treinamento de pessoal e tecidos de maior durabilidade.
- Quem já desenvolvia um produto diferenciado está tendo o produto valorizado. As demais terão de correr atrás - sentencia o coordenador do Núcleo de Confecção da Ampe Blumenau, Itamar Müller.
Outro reflexo do aumento da procura por produtos de maior valor agregado é o aprimoramento das vitrines, observa o presidente da CDL. Os lojistas se esforçam para dar cara de boutique ao comércio, com manequins bem vestidos e o entorno decorado de acordo com a clientela a ser fisgada. Com o empenho, os lojistas também ganham quem é movido pelo simples impulso de consumir.
- Compro aquilo pelo qual me apaixono. É olhar e gostar - confidencia a dona de casa Rosedi Keller, que saiu de casa ontem para comprar um presente, mas não tirou os olhos de um casaco para ela.
Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que os preços das roupas de inverno subiram mais nos últimos 12 meses (5,27%) na comparação com igual período anterior (2,63%). Mesmo assim, os reajustes têm ficado abaixo da inflação geral, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que acumulou 5,47% nos últimos 12 meses.
Na comparação por itens isolados, porém, alguns subiram mais do que a inflação, como o terno masculino (12,51%) e o blazer masculino (10,08%). Essas variações podem ser explicadas pelo encarecimento de algumas matérias-primas, como algodão e fibras sintéticas.
- A cada início de estação há uma alta de preços. E a confecção de inverno, tradicionalmente, é mais cara que a de verão - explica Marcio Fernando Mendes da Silva, da FGV.
COMO SE AQUECER SEM GASTAR MUITO- A pesquisa de preço é a arma mais eficaz do consumidor. Olhe, analise e evite comprar já na primeira oferta.
- Defina bem o que quer e verifique o que as marcas oferecem. Sem fazer isso, você pode comprar algo que não precisa.
- Controle a ansiedade. Se não tem urgência em comprar determinado produto, vale a pena esperar pelas liquidações.
- Fique atento ao efeito sanfona das ofertas às vezes, os preços sobem antes de cair nas promoções.