Cartões: Na largada, credenciadoras vão brigar por uma base de 360 mil estabelecimentos comerciais
A Caixa Econômica Federal, ao fechar acordo simultâneo com Redecard e Cielo no ramo de credenciamento, colocou no jogo uma base de quase 360 mil estabelecimentos comerciais que hoje recebem o valor faturado com cartões de crédito e débito por meio do banco federal - o chamado domicílio bancário. Ao mesmo tempo em que as parcerias anulam o risco de a própria instituição virar uma concorrente direta, tal como o Santander/GetNet, patrocinam uma nova batalha entre as rivais que, desde 1º de julho se confrontam com um mercado aberto, capturando indistintamente as bandeiras Visa e MasterCard. A Caixa era o último do grupo top 5, dos maiores ativos do setor bancário, a definir a sua estratégia na área.
Com um relacionamento mais antigo com a Caixa, a Redecard tem, na largada, a fotografia mais favorável, com uma fatia de 70% dos lojistas credenciados pelo banco, o equivalente a 250 mil, e que representam 23% da sua distribuição total, de 1,1 milhão de estabelecimentos ativos. À primeira vista é quem está mais ameaçada também e vai ter que defender esse quinhão com unhas e dentes. Para tanto, a empresa vai remunerar o banco federal não só pela aquisição de novos lojistas, como também pela ativação de antigos, conta o presidente da Redecard, Roberto Medeiros.
O executivo não abre, porém, qual é a parcela que a Redecard tem de estabelecimentos ativos no universo Caixa e também não detalha as condições do contrato ou se haverá comissionamento distinto para novos e velhos clientes. Esse acordo é o estreitamento de uma parceria que existe desde 1998. Para ele, apesar do casamento de longa data não havia mesmo razão para o banco ter uma relação de exclusividade com qualquer uma das credenciadoras.
Não era isso, porém, que o mercado esperava. Depois de a Caixa ter se juntado ao Banco do Brasil e ao Bradesco, controladores da Cielo, no projeto da bandeira Elo, a expectativa era de que pendesse para o lado da Cielo. No memorando de entendimento da operação que a integra à marca de cartões nacional há a possibilidade a CaixaPar (o braço de participações da Caixa) elevar a participação que tem na Cielo, hoje residual, de 1,14%. Na ocasião do anúncio, há um mês, a sinalização era de que, com o aporte, a CaixaPar participasse das decisões na Cielo, com um assento no conselho de administração.
A elo é um dos trunfos da Cielo no acordo com o banco federal, avalia o presidente da empresa, Rômulo Dias. Com 100 mil lojistas credenciados pela instituição, a base é sensivelmente menor à conquistada pela Redecard e, por isso mesmo, qualquer esforço incremental traria uma divisão mais equilibrada do bolo pela simples adição de novos lojistas, pondera. A Cielo parte de uma base menor, tem mais a ganhar, não precisa defender 70% de share.
No acordo com a Caixa foram estabelecidas metas para a instituição ampliar os volumes capturados pela rede. A Cielo vai pagar rebates (bonificações) progressivos sobre a taxa de desconto à medida que certos parâmetros sejam atingidos, conta Dias, sem revelar os percentuais.
Depois de o Santander partir para voo solo no ramo de credenciamento, levando 100% da taxa de desconto e pagando uma comissão por transação à GetNet, era de se esperar que bancos independentes, fora do bloco de controle das credenciadoras, pressionassem por uma remuneração melhor. Os analistas Henrique Caldeira e Roberto Attuch, do Barclays, nos seus modelos de avaliação de Redecard e Cielo assumem que essas instituições recebam uma comissão variável equivalente a 25% da taxa de desconto - a tarifa cobrada por transação, descontada a parte que cabe aos bancos emissores.
No caso da Caixa, eles estimaram um rebate (bonificação) de 30% para calcular os possíveis impactos nas duas empresas. Para a Cielo, no curto prazo isso poderia representar uma perda de 2% na comissão por transação, enquanto para a Redecard, com maior exposição no bolo de lojistas domiciliados no banco federal, o decréscimo seria de 6%. O incremento de custos seria, respectivamente, de 6% e 15%. No tempo, eles avaliam que a proporção entre Cielo e Redecard no mundo Caixa seja dividido em fatias iguais e não descartam depois uma inversão, com 70% para Cielo e 30% para Redecard, decorrente do aumento da participação da CaixaPar na Cielo.
Medeiros, da Redecard, considera equivocada a interpretação de que a concorrente será favorecida. A Caixa fez parceria para emitir o cartão elo, o que não significa adquirência Cielo.
A Caixa Econômica Federal, ao fechar acordo simultâneo com Redecard e Cielo no ramo de credenciamento, colocou no jogo uma base de quase 360 mil estabelecimentos comerciais que hoje recebem o valor faturado com cartões de crédito e débito por meio do banco federal - o chamado domicílio bancário. Ao mesmo tempo em que as parcerias anulam o risco de a própria instituição virar uma concorrente direta, tal como o Santander/GetNet, patrocinam uma nova batalha entre as rivais que, desde 1º de julho se confrontam com um mercado aberto, capturando indistintamente as bandeiras Visa e MasterCard. A Caixa era o último do grupo top 5, dos maiores ativos do setor bancário, a definir a sua estratégia na área.
Com um relacionamento mais antigo com a Caixa, a Redecard tem, na largada, a fotografia mais favorável, com uma fatia de 70% dos lojistas credenciados pelo banco, o equivalente a 250 mil, e que representam 23% da sua distribuição total, de 1,1 milhão de estabelecimentos ativos. À primeira vista é quem está mais ameaçada também e vai ter que defender esse quinhão com unhas e dentes. Para tanto, a empresa vai remunerar o banco federal não só pela aquisição de novos lojistas, como também pela ativação de antigos, conta o presidente da Redecard, Roberto Medeiros.
O executivo não abre, porém, qual é a parcela que a Redecard tem de estabelecimentos ativos no universo Caixa e também não detalha as condições do contrato ou se haverá comissionamento distinto para novos e velhos clientes. Esse acordo é o estreitamento de uma parceria que existe desde 1998. Para ele, apesar do casamento de longa data não havia mesmo razão para o banco ter uma relação de exclusividade com qualquer uma das credenciadoras.
Não era isso, porém, que o mercado esperava. Depois de a Caixa ter se juntado ao Banco do Brasil e ao Bradesco, controladores da Cielo, no projeto da bandeira Elo, a expectativa era de que pendesse para o lado da Cielo. No memorando de entendimento da operação que a integra à marca de cartões nacional há a possibilidade a CaixaPar (o braço de participações da Caixa) elevar a participação que tem na Cielo, hoje residual, de 1,14%. Na ocasião do anúncio, há um mês, a sinalização era de que, com o aporte, a CaixaPar participasse das decisões na Cielo, com um assento no conselho de administração.
A elo é um dos trunfos da Cielo no acordo com o banco federal, avalia o presidente da empresa, Rômulo Dias. Com 100 mil lojistas credenciados pela instituição, a base é sensivelmente menor à conquistada pela Redecard e, por isso mesmo, qualquer esforço incremental traria uma divisão mais equilibrada do bolo pela simples adição de novos lojistas, pondera. A Cielo parte de uma base menor, tem mais a ganhar, não precisa defender 70% de share.
No acordo com a Caixa foram estabelecidas metas para a instituição ampliar os volumes capturados pela rede. A Cielo vai pagar rebates (bonificações) progressivos sobre a taxa de desconto à medida que certos parâmetros sejam atingidos, conta Dias, sem revelar os percentuais.
Depois de o Santander partir para voo solo no ramo de credenciamento, levando 100% da taxa de desconto e pagando uma comissão por transação à GetNet, era de se esperar que bancos independentes, fora do bloco de controle das credenciadoras, pressionassem por uma remuneração melhor. Os analistas Henrique Caldeira e Roberto Attuch, do Barclays, nos seus modelos de avaliação de Redecard e Cielo assumem que essas instituições recebam uma comissão variável equivalente a 25% da taxa de desconto - a tarifa cobrada por transação, descontada a parte que cabe aos bancos emissores.
No caso da Caixa, eles estimaram um rebate (bonificação) de 30% para calcular os possíveis impactos nas duas empresas. Para a Cielo, no curto prazo isso poderia representar uma perda de 2% na comissão por transação, enquanto para a Redecard, com maior exposição no bolo de lojistas domiciliados no banco federal, o decréscimo seria de 6%. O incremento de custos seria, respectivamente, de 6% e 15%. No tempo, eles avaliam que a proporção entre Cielo e Redecard no mundo Caixa seja dividido em fatias iguais e não descartam depois uma inversão, com 70% para Cielo e 30% para Redecard, decorrente do aumento da participação da CaixaPar na Cielo.
Medeiros, da Redecard, considera equivocada a interpretação de que a concorrente será favorecida. A Caixa fez parceria para emitir o cartão elo, o que não significa adquirência Cielo.
Adriana Cotias
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