A greve dos bancários completa 14 dias nesta quarta-feira (07) e já acumula prejuízos imensuráveis para o comércio, para a população e para os próprios bancos. E o pior, não há previsão para o seu fim.
Mais de oito mil agências bancárias no país estão fechadas. Em Alagoas, são mais de 100 agências, o que representa 77% dos bancários do estado.. No último dia 28, os bancos particulares voltaram a funcionar por determinação judicial. Permanecem fechados o Banco do Brasil, Nordeste, Caixa Econômica Federal e o Real, que foi fechado novamente ontem.
Presidente do CDL fala dos prejuízos da greve para os lojistas.
De acordo com Wilson Barreto, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Maceió (CDL), o prejuízo para o comércio atinge as cifras dos milhões. "Não dá para contabilizar a real perda para o comércio de Maceió, mas atinge a casa dos milhões. Há uma quantidade muito grande de cheques devolvidos e os clientes não têm como depositá-los. É uma irresponsabilidade muito grande da Fenaban [Federação Nacional dos Bancos] de não já ter chegado a um acordo. Por que só os bancos particulares voltaram a funcionar?", questiona Barreto.
A população também reclama dos prejuízos. A vendedora Joelma Vasconcelos está com o cartão vencido e não tem como trocar por outro. Devido a isso, ficou impossibilitada de sacar seu dinheiro. "Estou com o colégio e o plano de saúde atrasados. Já estou ficando sem dinheiro para o transporte e a alimentação já está acabando", reclama. "Sou contra a greve, deveriam tentar resolver sem ter que paralisar", conclui a vendedora. A situação de Joelma reflete a de vários alagoanos que já começam a amontoar contas atrasadas. Uma diretora financeira, que preferiu não ser identificada, conta que sua empresa está com todos os pagamentos atrasados. "Essa greve tem gerado muito prejuízo. Todos os recebimentos de notas fiscais são creditadas em conta corrente da Caixa Econômica e do Banco do Brasil. Ficamos impossibilitados de efetuar pagamento dos fornecedores e também da folha de funcionários", lamenta.
Mesmo com tantas desvantagens, há quem ainda seja a favor do movimento grevista. A enfermeira Ane Laura, que utiliza os terminais eletrônicos para pagar as contas, considera justo o movimento. "A greve é justa. Alguém tem que sofrer. Na Saúde, não podemos parar 100%, pois pessoas podem morrer, mas nesse caso que que não há risco de mortes, é importante que a adesão seja de 100%", defende Ane Laura.
Para a economista Ana Célia de Oliveira Prado, a greve não é o melhor caminho para se reivindicar um aumento salarial, pois acarreta em muitos prejuízos para toda a sociedade. "Nossa civilização já evoluiu tanto que não precisa paralisar as atividades, fazer piquetes, soltar rojões, fazer confusão para reivindicar um aumento. O melhor caminho é a negociação, a conversa. Greve só traz benefício para os funcionários", finaliza.
Edmundo Saldanha, presidente do Sindicato de Alagoas e membro do Comando Nacional dos Bancários, disse que a greve só chegará ao fim quando os bancos apresentarem uma contraproposta que contemple as principais reivindicações da categoria. De acordo com ele, a paralisação dá um prejuízo de cerda de R$ 10 milhões por dia aos bancos.
Para o também sindicalista Joselito Gomes a solução é a greve. "Desde julho estamos tentando negociar e até agora nada. Mesmo com 14 dias de greve nenhum acordo foi feito, eu quero ver o que o Governo vai fazer quando os terminais eletrônicos pararem também", disse.
A categoria reivindica um reajuste salarial de 10%, mas os bancos apresentaram uma proposta de 4,5%. Também querem, entre outras coisas, um aumento na Participação dos Lucros e Resultados (PRL) e a fixação de pisos de R$ 1.432 para portaria, R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese) para escriturário, R$ 2.763,45 para caixa, R$ 3.477,00 para primeiro comissionado e R$ 4.605,73 para primeiro gerente. Ontem, foi realizada mais uma rodada de negociação, que terminou sem acordo algum.
O comando nacional de greve enviou ao Congresso Nacional um ofício solicitando apoio dos líderes partidários para que as negociações sejam retomadas. Ainda não há data agendada para mais uma rodada de negociação entre os grevistas e a Fenaban.
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